[tradução] entrevista do DADAROMA sobre o dadaism#3, processo criativo e muito mais

Essa é uma entrevista de Maio de 2017.
Eles deram essa entrevista principalmente pelo lançamento de dadaism#3, mas falam sobre significados de músicas e o processo criativo em geral também.
As partes entre [] são interpretações minhas.
Tradução em português foi feita por mim @jezvkei
Qualquer erro, por favor, me avise.
Você pode ver a versão em inglês aqui



Olá, obrigado pela entrevista! Primeiramente, nós queremos parabenizá-los pelo terceiro lugar no Oricon Indies Album Chart! A primeira pergunta é: como o nome da banda surgiu? Nós ouvimos que era pra ser uma variante de “dadamora”, o que fez vocês escolherem esse?

Yoshiatsu: Essa foi a minha sugestão, mas os outros membros firmemente rejeitaram.

Por favor, diga-nos por que vocês decidiram intitular todos os seus trabalhos como dadaism#…? Está conectado de alguma forma com o movimento artístico do começo do século XX chamado “Dadaism”? Vocês tinham esse conceito em mente quando deram nome a banda?

Yoshiatsu: Eu sugeri o nome. “Dadaísmo” é conhecido por unir partes não relacionadas em uma coisa só. Como na nossa música. Nós criamos uma coisa sólida de várias partes diferentes entre si. Mas por outro lado não há ligação direta com isso.

Seu estilo provocativo cabe perfeitamente em visual kei. Em menos de um ano depois do lançamento, DADAROMA cresceu muito em popularidade. O que, na sua opinião, fez vocês terem tanto sucesso?

Yoshiatsu: Talvez isso seja porque cada um de nós tem liberdade de fazer o que quiser. E cada um de nós entende claramente o que deveria fazer.
Takashi: Honestamente, eu não tenho ideia. Talvez seja porque nós somos todos amigos? (risos)
Tomo: Eu não sei se nós fazemos muito sucesso ou não, mas nós estamos tentando muito não fazer o que as pessoas ao nosso redor estão fazendo.
Yusuke: Eu acho que, o motivo é que nós fazemos o que amamos, e nós fazemos isso do jeito que gostamos. Além do mais nós juntamos um time verdadeiramente forte!

Seu MV de “Oboreru sakana” tem mais de 700k visualizações. Como vocês se sentem sobre isso? O que essa música significa pra vocês?
Yoshiatsu: Fico muito feliz porque foi nossa primeira música.
Yusuke: A primeira música continua especial pra você pra sempre. Mas sobre o número de visualizações… acho que não é o suficiente. Vamos fazer chegar a 10 milhões!!


Falando sobre qualidades, quais são as suas metas como banda? E sobre suas metas pessoais?

Yoshiatsu: Eu não tenho um objetivo final agora (num bom sentido)
Takashi: Talvez seja uma meta pessoal mas eu quero sair em turnê mundial e sentir como é o mundo estrangeiro. Eu acho que seria legal refletir essa experiência nas músicas.
Tomo: Eu acho que uma das metas seja crescer como músico.
Yusuke: Agora nós nos sentimos mais livres do que no começo. Como meta… esses três caras na minha frente no palco são tão legais, eu não quero perdê-los (risos)

Muitas de suas músicas são sobre os pecados das pessoas, hipocrisia e solidão. Escolhendo tais temas, vocês tentam atrair a atenção das pessoas sobre esses problemas, ou expressar o que vocês não podem silenciar por mais tempo? [silenciar dentro deles mesmos eu suponho]

Yoshiatsu: Eu simplesmente escrevo uma música sobre o que está acontecendo na minha vida, cheias dos mesmos julgamentos que vocês podem estar experimentando. Se algo triste acontece, eu vou sentir tristeza. Se eu não puder, por exemplo, perdoar algo, eu vou dizer “eu não lhe perdoo!” Eu tento coletar as emoções que eu senti no momento e por isso nas músicas. Se algo bom acontecer, a música vai ser alegre. Eu acho que DADAROMA é o que está acontecendo ao nosso redor num momento exato. É por isso que, se eu escrevesse uma música agora, seria sobre o quanto eu quero conhecer nossos fãs.

Na Rússia eles dizem “A beleza vai salvar o mundo”. [talvez “graça” de “graciosidade/delicadeza” seja o que eles queiram dizer] Na Europa e América eles dizem “Paz e amor”. Na sua opinião, o que pode salvar o mundo? 
 
Yoshiatsu: Eu acho que nada. A resposta pode ser diferente dependendo do que você acha que é “sociedade” ou “mundo” mas acho que é impossível salvar algo tão grande quanto isso. Eu estaria satisfeito se, pelo menos, pudesse “salvar” aqueles que gostam de DADAROMA.

Em 19 de Abril, vocês lançaram seu novo miniálbum dadaism#3. Em uma das entrevistas, vocês mencionaram que “Sempre que lançamos um single, nós pensamos nisso: Na vez anterior, nós queríamos fazer uma coisa e a fizemos, vamos fazer algo novo da próxima vez.” Qual era a ideia sobre esse lançamento? Por favor, fale mais sobre esse conceito. 
 
Yoshiatsu: Toda a série de miniálbuns do dadaism não são apenas CDs, sempre é uma forma de expressão do que queremos dizer, ou do que queremos fazer. Esse é o conceito. É por isso que todos os nossos trabalhos são a essência dos nossos pensamentos e do que queremos expressar.

A arte da capa das duas versões do lançamento são diferentes. Fale mais sobre isso.
Yoshiatsu: a capa do type A é a minha foto, enquanto no type B apresenta alguns dos meus esboços editados graficamente.


Nós ouvimos que o Takashi é o principal compositor, enquanto Yoshiatsu normalmente cuida das letras. Quais são os papéis do Yusuke e do Tomo no processo? Quanto tempo costuma levar para tornar uma demo um produto final?
Yusuke: nós gravamos bem rápido. Dessa vez também. Quando nós lançamos um trabalho, imediatamente começamos a trabalhar no próximo. É por isso que as nossas músicas expressam o que nós estamos sentindo no momento. Quanto à parte de bateria, é criada para destacar vocais e letras. Sim, os vocais são a base.

Nos seus trabalhos, vocês usam o Inglês com bastante frequência. A música MASTURBATION é totalmente em inglês, e parece que até os fãs ocidentais levaram isso literalmente demais. A frase "Please pay money for my masturbation" (“por favor, pague-me em dinheiro pela minha masturbação”) se tornou uma “frase chave” [talvez bordão?] Por favor, diga-nos o que vocês realmente queriam dizer. Por que a linha da música apareceu no instagram do Yoshiatsu tão antes do lançamento?
Yoshiatsu: Bem, não, você pode levar esse significado literalmente. Pra mim esse título tem um paralelo direto com o trabalho do DADAROMA, e é por isso que eu canto sobre o que eu quero honestamente – ser pago pela minha atividade na música. Eu escrevi esse trecho no Instagram um tempo atrás e usei na letra. Eu sempre transformo o que eu penso em música. É muito de mim. [muito pessoal]. Foi assim que terminamos a música.

No seu website vocês comparam as novas músicas com seus trabalhos anteriores. Entretanto, muitos fãs estrangeiros dizem que o estilo mudou, que a música não é tão pesada quanto antes, e que as músicas não são tão depressivas quanto antes. Levando isso como verdade, vocês mudaram o estilo ou é só um experimento?
Yoshiatsu: Não, não é tão complicado. Vamos pensar nisso como uma mudança de humor. O número de fãs que temos aumentou, e assim eu não me sinto mais sozinho. É por isso que muitas das músicas estão sendo criadas com o pensamento nos nossos ouvintes. Se algo triste acontecer, uma música triste vai acontecer. É bem simples.

Que música do novo miniálbum cada um de vocês gosta mais? Que músicas vocês querem incluir no próximo best álbum? Se forem músicas diferentes, por favor, digam porque.
Yoshiatsu: Eu gosto de “aishiteru to itte yo”, mas eu escolheria “ookamishounnen to doku ringo” como a melhor. [ele vai falar mais sobre “ookami shounnen to doku ringo” mais pra frente]
Takashi: Como compositor, eu gosto de todas elas. Se eu não puder escolher todas, eu vou contar com as preferências dos outros membros e dos fãs.
Tomo: Não consigo escolher uma só, gosto de todas.
Yusuke: Eu gosto de “ookami shounnen to doku ringo”, e escolheria essa para um best álbum. Ela expressa tudo.

Nas suas entrevistas, vocês mencionaram um relacionamento baseado em confiança com seus fãs. Entretanto, agora nós temos uma música intitulada “watashi, bangya janai wa”. O que fez vocês escreverem ela? Vocês tem muitas fangirls “dentro do armário”?
Yoshiatsu: Essa é uma história baseada na minha experiência pessoal. Eu acho, que tem muitas dessas garotas agora. A música nasceu do desejo de ouvir uma confissão sincera.

Uma das faixas mais poderosas e pensativas da nova versão é “Ookami shounen to doku ringo”. É verdadeiramente a joia do álbum. Por favor, conte-nos mais sobre isso.
Yoshiatsu: Primeiramente eu acho que música não pode salvar o mundo. E se nós nem pudermos salvar aqueles que gostam da nossa banda? Não importa o quanto eu escreva, não importa o quanto eu cante, várias coisas tristes estão acontecendo ao nosso redor. Num certo momento eu desisti. Mas então eu comecei a sentir que meus fãs estavam preocupados comigo e esperavam [isso] de mim, é por isso que eu voltei a escrever músicas. Eu continuo. É sobre isso que “ookami shounen to doku ringo” é.

Como vocês costumam encontrar os visuais para os membros da banda? Como vocês as escolheram para esse álbum? Olhando para trás, certamente pode-se ver uma progressão comum através de todas as imagens – o batom manchado do líder e a imagem feminina do Takashi.
Yoshiatsu: Todas as vezes nossos visuais aparecem de repente. Eu crio a imagem que eu gosto. Com esse batom eu quero expressar algo infantil. Crianças não sabem como comer espaguete direito [acho que a palavra que ele usou aqui foi “elegantemente” ou “habilmente”] e o molho de tomate se espalha por todo seu rosto. Isso é algo parecido. Meus pensamentos e ideias são bem infantis, pra ser honesto. Não sou muito esperto. Eu queria mostrar isso com a maquiagem. Um triste porém risonho pierrô.
Takashi: Tudo vem de dentro: eu não sei como parecer durão ou legal. Foi por isso que eu inconscientemente escolhi uma imagem “kawaii” (risos). Dessa vez, eu represento uma mistura de fofo e monstruoso.
Tomo: Eu gosto de jogos e animes, foi por isso que eu criei a minha imagem sob o pensamento “seria legal ter um personagem assim”.
Yosuke: Eu crio a imagem como eu gosto. Eu gosto de roupas, então eu fiz os itens que eu gostaria de vestir (risos). Mas no final, é o Yoshiatsu quem escolhe a imagem final pro lançamento.

Em 20 de Maio vocês vão sair para a turnê de promoção para o lançamento do miniálbum. Como vocês querem que seja?

Yoshiatsu: Nós vamos apenas fazer o que quisermos.
Takashi: Nós vamos tentar apresentar um som mais “no ponto” que antes. Esperamos que os fãs gostem. [acho que ele quis dizer que o som esta melhor que antes, não tenho certeza.]
Tomo: Eu quero atingir um novo nível nessa turnê.
Yusuke: Mal posso esperar! Espero experimentar vários doces, tocar ótimos shows e compartilhar pensamentos com vocês.

Muitas vezes vocês tocaram com outras bandas. Qual turnê “two-man” [turnês que eles fazem com mais alguma banda] ficou marcado nas suas mentes e por quê?

Yusuke: Eu acho que a turnê com Xaa Xaa. Foi uma boa experiência pra nós. Eu era um baterista [diferente, que agora se superou] e nós como banda nos superamos.

Como estamos representando o ramo russo do JaME, não podemos deixar de perguntar sobre a música Belka e Strelka. Entendemos que é apenas uma alegoria, mas por favor nos conte como esse título nasceu.

Yoshiatsu: Belka and Strelka são os nomes dos primeiros cães que visitaram o espaço. Mas antes disso, eu suponho, muito esforço foi colocado e muitos cães morreram. Isso de alguma maneira me lembra da banda. A banda que consegue, ganha popularidade e é louvada. Entretanto, ninguém se lembra daqueles que falharam – eles são esquecidos, nem mesmo seus nomes sobram. É triste mas é o curso da natureza. É por isso que eu quero ser como Belka e Strelka. Esse é o significado que eu coloquei no título.

Ao contrário de fã-clubes de muitas bandas japonesas, o seu recebe os estrangeiros. Podemos esperar logo aparições de DADAROMA fora do Japão?

Tomo: No momento nós não temos planos mas nós definitivamente não perderíamos a oportunidade de ter uma turnê internacional. Nós vamos fazer nosso melhor pra ter essa chance.

Finalmente, diga algo para os nossos leitores.

Yoshiatsu: Obrigado! Estou feliz que você leu até o final. Nós estamos longe, já que você está no exterior afinal. É emocionante saber que, graças à nossa música, podemos criar um vínculo com você. Um dia, certamente nos encontraremos, e eu prometo trabalhar duro por isso. Sim, definitivamente nos encontraremos. Amo vocês.
Tomo: Os fãs do exterior realmente vão ler isso? Nós vamos fazer o nosso melhor pra não desgraçar o visual kei como parte da cultura japonesa.
Takashi: Eu recebo muitas cartas e e-mails de fãs no exterior. Agradeço a música por tornr isso possível. Um dia queremos ir para o exterior e ver as outras culturas. Por outro lado, o Japão também é um país maravilhoso, então venha nos visitar um dia.
Yusuke: Essa entrevista vai ser publicada no exterior? Nos desculpe por não podermos nos comunicar apropriadamente por só falarmos japonês. Entretanto, se vocês entendem nossas letras, eu vou esperar pacientemente pela oportunidade de lhes dizer tudo sobre isso em nossos shows. Muito obrigado!