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DIR EN GREY é uma das bandas de maior alcance mundial atualmente. A banda cuja essência das letras está na dor teve seu último single lançado recentemente, como um encerramento para o que fora iniciado no seu álbum The Insulated World. Esta meta-análise está fundamentada exatamente neste álbum, exclusivamente, embora o single também receberá uma análise que complementa essa. As letras utilizadas como base foram as oficiais disponibilizadas e essa meta-análise é apenas uma das várias interpretações possíveis. Mas, antes de começarmos a falar de todo o conceito das músicas, é importante trazer a lista de músicas citadas nessa análise com seus títulos traduzidos.
1. Keibetsu no Hajimari (軽蔑と始まり, lit. Começando com Desdém)
2. Devote My Life (lit. Dedicar Minha Vida)
3. Ningen wo Kaburu (人間を被る, lit. Vestindo Pele Humana)
4. Celebrate Empty Howls (lit. Celebrando Uivos Vazios)
5. Utafumi (詩踏み, lit. Poesia que Atropela)
6. Rubbish Heap (lit. Pilha de Lixo)
7. Aka (赫, lit. Vermelho)
8. Values of Madness (lit. Valores da Loucura)
9. Downfall (lit. Queda)
10. Followers (lit. Seguidores)
11. Keigaku no Yoku (谿壑の欲, lit. Ganância Insaciável)³
12. Zetsuenai (絶縁体, lit. Isolador¹)
13. Ranunculus²
¹: O termo se refere ao tipo de isolante, como a fita, ou seja, algo que mantém a energia e o calor isolados. O título é uma referência direta ao título do álbum, The Insulated World, ou, O Mundo Isolado (um mundo que não consegue transmitir calor/energia).
²: Ranunculus é uma espécie de flor, tendo alguns significados como “charmosos”, “inocente como uma criança” e, o que será mais usado nessa meta-análise, “ingratidão”.
³: O título vem de um provérbio japonês “ganância tão profunda quanto o rio de uma montanha”.
Com todos os títulos traduzidos já podemos iniciar essa jornada por um mundo sombrio, melancólico e sabotador ou melhor, um mundo isolante que nos impede de receber o calor afetuoso verdadeiro.
O Álbum, lançado em 2018, nos concede um vislumbre do mundo que veremos dentro das músicas. Um Mundo Isolante, capaz de evitar que o calor seja transmitido. Quando se fala em calor o mais comum é se pensar em afeto e será dessa maneira mesmo que o termo será tratado — o álbum é uma ode a um mundo frívolo que nos derruba constantemente.
Este mundo é tão terrível que ele chega começando com desdém (Keibetsu no Hajimari), mostrando como esse mundo lhe feriu, em um clima pesado e rápido de guitarras irritadas e vocais brutos. A letra tem uma pegada potencialmente suicida. O Herói (chamarei assim o protagonista das músicas) anuncia várias vezes que “eu não tenho valor”, “eu deveria apenas morrer”, mas, acima de tudo, ele afirma a quem estiver escutando que “Não é por você” e “Eu quero isso mais do que tudo / eu quero ser útil”. Mas, ao mesmo tempo, ele também afirma que “Eu não sinto nenhuma pena [de mim] / vocês é que fazem isso”, ou seja, ele está cansado de tudo e se sente um nada nesse mundo terrível, mas não se sente assim tão mal ao ponto de ter pena dele mesmo, por mais que queira desaparecer, por mais que queira morrer por se sentir inútil; o que ele realmente se vê é um “Parasita do absurdo” e, ao final da música, como um último sopro antes de começar toda essa jornada, ele entra em CHAOS MODE.
Já dentro desse “modo caos”, o Herói arrisca anunciar que irá dedicar sua vida (Devote my Life), porém, ele precisa antes explicar que “não é sua culpa que eu queira morrer / eu apenas me arrependo de ter nascido / foi um erro desde meu nascimento”, ele não quer morrer porque sentem pena dele ou porque o pressionam, simplesmente porque ele nunca se sentiu pertencente a este mundo. Mais a frente ele desculpa-se com seus pais e continua anunciando que “Eu quero ter valor. Eu quero que minha vida tenha valido a pena”. E, ainda assim, ele percebe que suas palavras foram drásticas e pesadas e contempla como elas podem ter ferido seus pais. A música, que segue a velocidade e energia da anterior, termina e passamos a próxima, a canção que muda um pouco o posicionamento do Herói neste mundo, a música que mostra como ele irá dedicar sua vida: tentando despertar mais pessoas nesse mundo.
Juntando as cicatrizes, o ódio e as piores coisas, o Herói se considera vestindo pele humana (Ningen wo Kaburu), ou seja, misturando-se à uma sociedade doente em um mundo frio, mostrando-se com uma música mais genérica da banda — a mais comum dos Singles, inclusive. É importante relembrar como no vídeo os integrantes da banda estão comendo carne (supostamente humana) que lhes é entregue por uma figura demoníaca enquanto veem humanos sendo dilacerados na frente deles. Ao final do clipe temos a vista de Kyo (o Herói) rompendo a pele humana que ele tentou vestir, a partir de um traço proeminente abaixo da boca (detalhe importante mais tarde, lembre-se disso). Abençoado a ser derrubado (Blessing to Lose Heart), o Herói questiona o ouvinte sobre seu papel nesse mundo:
Não importa quem está certo
Pela regra de quem você vive?
Por quem você viverá?
Por quem você viveria?
Isso sai do nada
A lâmina da realidade de 30cm
Você com seus sonhos, morre
Parece certo, não acha?
A condição vitimista e pessimista continua, alegando que mais do que estar se colocando como um ser-social (dentro dessa sociedade específica), ele agora está tentando abrir a mente do ouvinte, revelando que a realidade sempre irá matar seus sonhos. Ao final, ele ainda se questiona os porquês de estar vivo e confessa: “Eu não ligo se nunca mais acordar”.
Mas o mais interessante dessa música é o fato de que a letra antes tão voltada para si agora se transforma em algo direcionado ao ouvinte, ou seja, ao vestir-se de humano, ao fingir ser como todos os outros, ele entra no meio de todos e implanta ideias — por isso, no clipe dessa música e no Visual liberado, ele usa uma coroa de espinhos simbolizando Jesus Cristo.
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Créditos na imagem. |
Então o álbum avança e o narrador, cheio de sarcasmo, ironia e descaso, revela como nós estamos celebrando uivos vazios (Celebrate Empty Howls) em uma canção tão irônica que o refrão é cantado como um louvor em tons altos. De forma bastante provocativa, ele começa questionando:
Tais olhos tristes em seu rosto ansioso
A expressão de não crer completamente
O leve sorriso não intencional [nervoso]
É assim que você vai conseguir [ir em frente]?
Começando após se comparar?
Ele entende essas coisas, mas, em seguida, anuncia que é um erro se comparar, já que, independente de qualquer coisa, somos “controlados até sobre o que acreditar… apenas uivando em vão” então, continuando, ele retorna à música anterior, exigindo as respostas às perguntas feitas até então e pontua “Ser diferente é ser uma criança deformada? É assim que parece, não é?”, revelando como ser diferente neste mundo é. Ele ainda continua a falar desse mundo ao fim da música, sendo mais sarcástico e provocativo ainda ao alegar:
Parece um desperdício por vivermos em mundos diferentes?
Parece um desperdício por vermos o mundo de formas diferentes.
Ambos não estão corretos
Então, ambos deveriam morrer.
De acordo com o Herói, não estamos perdendo tempo e momentos por vivermos em mundos diferentes ou vermos o mundo de formas diferentes, pois, o mundo é o mesmo: um lugar frívolo onde todos devem ser iguais (padrões sociais), comparando-se sempre com outros maiores, sofrendo por isso, sendo oprimido e levado ao impulso suicida — portanto, ambos os pensamentos devem morrer.
A jornada continua com uma poesia que atropela (Utafumi), carregada de sarcasmo e explosão de raiva. A poesia não foi feita para anunciar nada positivo, veio para ser uma música rápida, com um chute inicial pesado e cheio de gritos, marcada pela capacidade absurda de Kyo manter todas as técnicas vocais em alta demanda — e revelada pelo próprio como uma música difícil pela velocidade. Em Utafumi, o Herói nota como ele está sozinho e, principalmente, como irá morrer sozinho — um questionamento bastante filosófico, diga-se de passagem. Ele então reflete sobre como o mundo e as pessoas padronizadas trouxeram danos a ele:
As marcas de hesitação sem sentido
E minha alma que esteve vazia por mais de 10 anos, ha-ha
Aqueles lixos falando merda
São como cães de estimação incapazes de se libertar das correntes
Finalmente o Herói está caindo na real. Revelando e percebendo que, acima de todo seu sofrimento, há um agente maior: a sociedade. As pessoas padronizadas que continuam criticando, reclamando, apontando dedos. “Cães de estimação”, como ele mesmo cita. O próprio clipe mostra pessoas acorrentadas abaixo da banda e mostra o próprio Herói em trajes que lembram uma prisão pessoal na maior parte do tempo e em dados momentos, ele totalmente acorrentado antes de quebrar tais amarras próximo ao final da música, onde a agressividade fica ainda mais forte.
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Créditos na imagem. |
Mas, ainda com toda a consequência suicida causada por este mundo, a música continua com um trecho potente e triste que mostra como o Herói se vê:
Quase como um completo estranho
Eu sou um monstro com o mesmo rosto
Solidão foi a única coisa amada
Não vamos desistir
Da liberdade em forma de suicídio
Este último verso é importante, pois, até agora, vimos músicas apontando para o controle de massa feito pela sociedade (ou, pelo menos, como o Herói encara o papel da sociedade) e como, para muitos, inclusive o próprio Herói, a única forma real de se livrar disso é morrendo. Não que ele vá se matar, mas ele compreende que essa é a única forma de ser verdadeiramente livre (algo que ele cita na música Mama da Sukekiyo). E, ainda mais, unificando as mensagens até então ele diz a seguir: “A resposta que todos acreditam pode não ser exatamente a correta”. Por fim, voltando a aumentar o ritmo da música e retornando aos gritos ele finaliza da seguinte forma:
Aqueles brindes de sucesso
Estão sempre me cercando
Eu não quero mais ouvir as vozes de ninguém
Já tive o suficiente. Eu devia tentar encontrar o propósito de viver e esculpir THE FINAL no meu braço?
Inveja, amor, liberdade, tudo isso se torna merda.
É interessante como essa parte se remete a uma das músicas mais clássicas da banda: The Final cuja letra tem o seguinte verso “Suicídio é a prova da vida” assim como “Cada vez que sangro encontro uma razão para viver”. Sendo assim, mesmo ovacionado, o Herói não aguenta mais se vender, esvaziar sua própria alma, seu próprio Eu, em prol de um sucesso esperado por este mundo — é isso o que está fazendo ele tão infeliz.
Então é a partir de agora que o narrador começa a ter os primeiros sinais de mudanças de pensamento. Até então ele era apenas uma pessoa com raiva desse mundo, tentando explanar o máximo de defeitos possíveis, criando um culto em torno disso, mas se assumindo parte da desgraça. Agora, nesta pilha de lixo (Rubbish Heap), ele começa a revelar mais de quem realmente é, de como pensa, ainda com sarcasmo e raiva, seguindo o clima apresentado em Utafumi.
Apenas nasci assim
Eu não sou como vocês
Não faço isso exatamente por alguém
[...]
Todos devem apodrecer diante de mim
Eu também não sou como esses
Que morrem por alguém
Eles são verdadeiros heróis
[...]
Sei que não posso salvar uma alma
Com esse chamado “valor” que está em ruínas
Espero que algum dia
O fluxo imparável de sangue e lágrimas
Seja limpo com esse amor
Nestes trechos, o Herói indica quem ele realmente é: uma pessoa que não tem pretensão alguma de ser como os demais; um alguém que tem consciência que não é nenhum herói como pintam; um alguém que sabe que não pode salvar ninguém, mas acredita na força do amor. A música ainda mantém o clima raivoso, rápido e pesado, inclusive com passagens mandando “Lata para longe e viva coberto de merda” e questionamentos como “você quer viver, certo? Por que você quer tanto viver?”, mas essas perguntas e xingamentos não parecem mais direcionadas a ninguém exceto ele mesmo, ou ao “Eu” criado nessa mentira toda de sociedade.
O álbum sofre uma virada e traz uma música mais melódica e sentimental, a canção vermelha (Aka) do álbum, a mesma cor do amor. A letra é poderosa e muito emotiva, trazendo sensações diferentes a cada estrofe. A frase principal da música é algo que se repete mais tarde: “Primavera, deixe-me ir” — um detalhe importante, pois a primavera é a época do desabrochar de flores e a última música é sobre uma flor…
“Eu estou morrendo de fome de amor na dor”, para abrir a música, o Herói destaca como tudo o que ele mais necessita é de amor — o que, para muitos teóricos psicanalíticos, é a essência humana, o que mais necessitamos como humanos. “Existe um mundo que você gostaria de arriscar sua preciosa vida?”, este questionamento logo em seguida dialoga com a ideia do mundo quebrado narrado no conceito do álbum: este é um mundo onde você realmente aceita arriscar sua vida?
A música com toda sua vibe melódica e emotiva, de vocais limpos e emotivos, continua nos carregando por essa jornada de necessidade de florescer. “Cada vez que floresce / Até eu sou capaz de perdoar por ter ao menos uma coisa bonita” uma ideia sobre perdão e a capacidade do narrador em aceitar as transições de momentos difíceis e feios graças a um detalhe bonito — por menor que seja.
Eu não sei o que é amor—
Eu não sei o que é amor também.
O amor me protegerá?
O significado da corda que eu penduro novamente pelo teto
Soando como um diálogo entre duas pessoas, a música segue para uma frase trágica indicando os motivos do desejo latente da morte até então. Amor é o motivo dos verdadeiros desejos suicidas dele; neste mundo desprovido de amor sincero, de um amor que não busque apenas felicitar o sucesso, um amor onde não é baseado em seguir regras, um amor por ser quem é; o simples e tão complexo amor. A falta de amor, a falta de calor é o grande tema do álbum desde o seu título. Não é à toa que, para estar suscetível ao crescimento e ao florescimento, o Herói precise confessar isso. É interessante ressaltar como a sociedade ocidental é um pouco mais tranquila com este tipo de coisa, nós possuímos uma carga mais afetiva, com culturas mais calorosas, especialmente a brasileira, muito diferente do oriente, com ainda mais força no Japão, onde o interesse coletivo ultrapassa o individual, tornando-os assim, sem críticas, uma cultura mais fria, menos afetiva, ou seja, neste ponto o Herói representa qualquer indivíduo dentro de um sistema de competitividade e falta de afeto.
Mas após essa confissão triste, nosso protagonista canta os valores da loucura (Values of Madness), voltando a um clima pesado e revoltado, porém, usando mais vocais limpos e riffs mais limpos na sintonia das guitarras. E, junto de toda a questão do amor, começamos a música com:
Estar vivo é o pior
É isso que eu sinto
Junto com o fato de não conseguir me amar
Não é apenas o amor externo que falta nele, mas o próprio. Seguindo com uma estrofe bastante poderosa de coisas que não são amores reais: “Me faz querer vomitar só de pensar / em toda sua imitação / nas amizades baratas e nos valores inúteis”. A continuação apresenta o desejo desse Herói trágico: destruir o mundo e a si mesmo (a existência atual dele), pois nada neste mundo tem valor.
A música continua afirmando a loucura dominando-o e a afirmação de ser incapaz de se amar, porém, isso não o levará ao suicídio pois “O que eu ainda não consigo me livrar / é a ideia de que alguém virá e me encontrará / Em algum lugar, esse é o sentimento de querer acreditar / O que eu sonho”. Essa estrofe pode tanto indicar alguém encontrando-o morto quanto o desejo de acreditar que encontrará alguém que o amará puramente. É importante notar como esse trecho é cantado com vocal limpo, fazendo a transição mais clean da música antes de se enfurecer e finalizar a música — é um momento de lucidez no meio da loucura, ou seja, um desejo sincero atrás de toda a raiva que mascara a dor.
A queda (Downfall) ocorre derrubando o Herói em sua loucura e em sua acidez direcionada a si mesmo. “Enquanto eu enfrento a destruição com a erupção violenta de emoções / Pense de novo e lembre-se…” o pontapé inicial da música parece falar tanto ele mesmo quanto seus ouvintes. A música continua com um ritmo acelerado, misturando vocais limpos e guturais bem colocados, abusando de trechos com um timbre agudo semelhante a uma imitação sarcástica. A música parece ser uma autocrítica a respeito das suas músicas e uma crítica aos seus fãs mais fervorosos.
Copiando a raiva de outra pessoa no caderno
Pense de novo e lembre-se.
Traçando a partir de um esboço as coisas que apareceram foram
Basicamente, gritos baratos de bonecas ocas de papel-machê
Quem canta se conforma em criticar-se, falando como tudo o que ele esboça são gritos (o álbum até agora foi basicamente todo gritado, diga-se de passagem) de um homem oco e controlado feito uma boneca frágil — pelas expectativas, pela indústria, pela banda talvez, mas essencialmente pelo sistema de mundo. A música continua repetindo esse refrão e finaliza com mais questionamentos agressivos em gritos e riffs ainda mais pesados e rápidos.
O que significa obedecer e latir?
Onde está o sentido de obedecer e latir?
Parecendo tããão justo¹
Não ouse responder
¹: Traduzido assim pelo tom sarcástico empregado.
Carregando uma dose de ironia, a noção de estar apenas “latindo e obedecendo” são questionamentos feito a si mesmo e o pedido de não ter uma resposta é direcionado ao ouvinte. Basicamente, a ideia é que a queda mencionada é uma forma de fazê-lo entender que ele não é nada diferente dos “cães” citados antes, muito menos aqueles que dão uivos vazios, ele faz parte do sistema, gostando ou não — embora, talvez, estar abrindo sua mente possa mudar alguma coisa…
Como se entendendo sua posição no mundo como alguém que acordou (ou está acordando) e ainda tem tantos seguidores, ele decide falar diretamente com estes seguidores (Followers) na próxima música. Uma canção com vocais limpos, agudos e notas altas mescladas às baixas, da melhor forma que Kyo consegue fazer desde muito tempo, especialmente lembrando suas performances na Sukekiyo durante o primeiro minuto, adicionando uma acelerada após isto, só para elevar o alcance vocal dele, acrescentando uma camada mais potente na música, mas não em guturais e semelhantes.
Followers segue a ideia de que o Herói vê alguma esperança — ou melhor dizendo, ele nota como pode fazer a diferença, iniciando com uma frase que será indiretamente repetida em outra música (“Um mundo onde qualquer um é perdoado / e de volta aos dias que tive fé, nada é diferente”) para citar seu sonho de mundo. “Enquanto fico ombro-a-ombro com os dias em que não aguentava meu próprio chão / Eu posso ver uma nova perspectiva através de uma troca pela cicatriz”, neste ponto, ele entende que todo o sofrimento, machucados feitos na jornada até então, são necessários para ele enxergar um novo panorama do mundo — mas o que ele fará com isso é o que importa.
Não importa quão cruel o mundo seja
Aqui, o lugar que lhe deu boas-vindas, é aquele que você pode confessar as respostas.
[ Esse sou eu, esse sou eu ]
Corações feios semeados juntos…
Ser apenas seu mais belo eu já é ótimo
Neste ponto da música ele entende seu lugar no mundo definitivamente. Ele se entende como alguém que pode dar as respostas sobre este universo; cantando sobre a dor, sobre a verdade, sobre a esperança, a dor e a morte. Complicando-se ainda mais, ele assume que todos tem “corações feios” — a essência —, mas se a pessoa for ela mesma, isso é o suficiente.
Mesmo sendo um mundo cruel, terei fé
Para fazer uma promessa não amanhã, mas agora, bem aqui.
As memórias em camadas feitas por um par de olhos qualquer
Vivendo no momento mundano
Criando camadas com você
Ao final da música ele determina que continuará vivendo e criando cada vez mais memórias e momentos junto dos seguidores — ele irá viver e ajudará todos a continuarem vivendo. Porém, essa promessa e essa positividade toda é simplesmente derrubada e percebida como uma ganância insaciável (Keigaku no Yoku) e altamente perigosa em uma música com instrumentos pesados e, inicialmente, uma voz branda antes de entrar na fúria, em gritos e ritmo acelerado ao dizer:
A jovem memória ri alto, dizendo que ainda não pode perdoar
O rosto tão justo
Eu tenho olhos frios?
A jovem memória chora alto, dizendo que ainda não pode perdoar
O rosto tão justo
Eu tenho olhos loucos?
O clima retorna ao brando, diminuindo o peso dos vocais após essa estrofe, soando como se ela fosse uma crítica interna ao desejo positivo. Uma parte interna dele que entende que o mundo não conseguirá perdoar como ele deseja e muito menos as memórias antigas assim o deixam se perdoar. Ele então se pergunta “Estou assim tão quebrado? / Do fundo dessa fome toda / Onde devo despencar?” Voltando ao tema de fome de amor e todo seu desejo de ser amado, mas, ao perceber como é pesada essa fome, ele apenas quer saber onde pode desistir — é importante notar que essa é uma leitura conceitual do álbum, a música refere-se apenas à fome, mas juntando as citações anteriores e o simbolismo psicanalítico da fome ser necessidade afetiva não resolvida na infância (em alguns vieses teóricos, claro), a interpretação leva a compreender tratar-se desse amor.
Porém talvez a parte mais interessante dessa música seja a seguinte estrofe:
Hesitação
Esse tipo de determinação inútil continuará cantando essa música e infectando outras pessoas
Isso é péssimo. Pegue suas roupas de luto
Embora esteja determinado (ou estava) a ser uma voz aos outros, ele mesmo nota como sua determinação ainda é hesitante, ainda lhe restam medos, e, portanto, essa música em especial é apenas uma crítica a sua ganância — a ganância de querer ser esse porta-voz. Por estar ainda fragilizado e querendo mais do que pode e já tem, ele sente-se infectando pessoas com sua fragilidade. O clima desse trecho é brando e nada revoltante, como se fosse realmente triste perceber isso. Como se ele se sentisse culpado por estar piorando as coisas… ou como se ele estivesse caindo na real.
Até o momento então tivemos: um protagonista derrotista, vitimista e pessimista, fortemente suicida que está cansado de como o mundo funciona. Alguém que tenta se colocar no lugar dos outros vestindo pele humana, inclusive daqueles mesmos que ele crítica, para tentar despertar outras pessoas, mas acaba caindo e falhando. Um alguém frágil sofrendo pelo desamor, uma pessoa que se sente culpado em infectar seus seguidores com mais dor e tristeza, pois é frágil e ainda muito destituído de autonomia neste mundo que controla todos — inclusive ele. Alguém tentando quebrar as mesmas correntes que acorrentam todos. Mas para entender tudo isso, para entendê-lo quase completamente e também compreender tudo que o motivou, ele nos canta o que é este mundo isolador (Zetsuenai). E, com o perdão da prolixidade, terei de me alongar demais nessa passagem do álbum, pois chegando ao fim, as coisas ficam claras e cada vez mais simbólicas e especiais sendo necessário dissecar mais do que alguns trechos.
Medindo a felicidade ao comparar-se
Tentando se misturar ao esconder seu verdadeiro Eu
Não se vá, minha querida música insuportável
Você riu hoje novamente
A música começa calma com vozes distorcidas de fundo e um vocal limpo e bastante sensível. A abertura da música mostra como toda a canção é sobre este mundo conceitual narrado até então. Um mundo onde vivemos medindo nossa felicidade ao nos compararmos com outras pessoas — tentando se tornar parte de uma unidade maior, mesmo que isso signifique abandonar quem realmente é. “Não se vá, minha querida canção insuportável” é mais uma forma de ele agarrar tanto sua vida quanto sua arte como suas ferramentas neste mundo, sendo este trecho cantado com maior alcance vocal, procurando alcançar todos. O ato da comparação também remete a música Celebrate Empty Howls e a questão de apagar-se, além de todo o conceito do álbum, conversa diretamente com Followers.
Serei capaz de ouvi-lo ano que vem?
Que tipo de gritos eles serão?
Uma vida hilária? Isso também depende de você.
Não vá, minha querida canção insuportável
Alguém vai chorar hoje também
Voltando ao tom calmo e baixo, ele pergunta-se que tipo de músicas e gritos ele cantará no futuro. Esse trecho conversa com Downfall e Keigaku no Yoku, sem contar essa mesma canção. Primeiro ele indicou coisas fatalistas neste mundo (comparação e exclusão do próprio Eu) e agora ele está se questionando se poderá continuar nessa caminhada no futuro — e ainda elucida que tudo dependerá dos ouvintes e dele mesmo, desde que sua vida, sua canção insuportável, não se perca. E com um rompante de agudos em grande alcance o narrador assume:
Ah!
Qualquer um pode encontrar
Felicidade e amor
Se vocês enganarem uns aos outros
Sim, ele que sofre de amor, ele que se sente infeliz, percebeu que a chave nesse mundo para sentir tais coisas é simplesmente… enganar. Com enganar, porém, ele não contextualiza no sentido de trapacear ou passar a perna, não, ele quer dizer apagar seu verdadeiro eu e ficar enganando a si mesmo. Sim, neste mundo a maneira mais óbvia, talvez a única, de viver bem é se enganando e enganando os outros de que se está feliz e é amado.
A música entra em um clima mais sombrio de bateria pesada e riffs distantes, baixos, deixando a voz de Kyo mais grave e baixa criando uma transição para um trecho mais pesado ao cantar:
Eu não me importo com quem é. Quero alguém para ficar comigo. Eu não preciso de mais nada.
O que esse momento significa para você?
[Esse momento] Que continua a ser destruído sem razão
Não que alguém seja culpado
Remetendo às passagens de necessidade de amor em Aka, ele volta a confessar a necessidade de ter alguém, qualquer um, ao seu lado. Uma mão-amiga, um amor de verdade, alguém sincero que não o veja como um ídolo ou uma ferramenta. Mas a existência desse momento (em que ele terá alguém com ele) continua sendo destruída e não há ninguém para culpar — ou seja, ele não culpa ninguém por não amarem ele, provavelmente porque, como citado em Values of Madness, nem ele mesmo consegue se amar.
Então finalmente a raiva domina o Herói e é libertada em um trecho potente, atacando todo esse terrível mundo com gritos, drives, e todas as melhores artimanhas vocais de Kyo em riffs pesados e rápidos.
[Estar vivo, sim, isso é tudo]
Não sendo permitido nem mesmo isso.
Que valor você acha que encontrarei por eu mesmo?
Eles apenas roubarão você no chamado “mundo deles”
Mesmo percebendo que isso é tudo um perca de tempo
Você está dizendo que é o melhor?
[Acreditar, sim, isso é tudo]
Sangue ardendo…
[Acreditar, sim, isso é tudo]
Quem é?
Este mundo infeliz e frio não nos permite nem ao menos viver verdadeiramente — a psicanálise vê muito disso, de como o mundo diminui nossa individualização, tornando-nos parte do macrosistema. Desta maneira, ele pergunta que tipo de valor ele pode encontrar — nele, na sua arte, em todas as coisas voltadas a ele — se não pode nem mesmo viver. Para complementar o pensamento ele explica que “eles” (a sociedade, os grandes, a ideologia social) não lhe deixa viver porque rouba sua vida por estarmos no “mundo deles”. Então ele levanta a pergunta aos que entenderam a mensagem: mesmo sabendo disso você acha que é a melhor forma de seguir? Então ele repete várias vezes a necessidade de “Acreditar”, simplesmente acreditar para seguir em frente, com o sangue ardendo de raiva, que o fez explodir nesse trecho, ele precisa acreditar. Mas a única forma de acreditar e conseguir viver é dita de forma melódica e sofrida após toda a fúria:
Se eu não posso ver este mundo, eu posso ser eu mesmo.
As vozes distorcidas voltam de pano de fundo ao fim dessa frase — uma forma de representar a voz do mundo tentando tirá-lo desse caminho recém-descoberto, dando um novo significado ao início da música que, agora, soa como se o mundo tentasse impedi-lo de chegar a sua epifania. Com essa deixa, ele mostra a importância de sua arte, de continuar criando, de continuar fechando os olhos para o mundo e abrindo para o seu mundo. A criação é a única forma de ele ser ele mesmo e passando das vozes distorcidas ele repete o verso de enganar para ter felicidade e amor continuando a desenhar a importância de sua música com vocais limpos novamente.
Tentando ter féPorque isso supostamente lhe faria se sentir melhor?Se minha música compensar no fimEntão não me importarei em ser desprezadoEu sou eu.Eu vou vender minha solidão inútil.
Mostrando como a única forma de romper com tudo é sendo ele mesmo, ele assume que fará músicas aproveitando de seu próprio sofrimento. Então, depois de mostrar isso, ele volta ao seu rompante de raiva falando como “eles” sempre tentam nos tirar de seu mundo e roubando sua vida. A música então aos poucos diminui o ritmo e o peso e começa a entrar na transição mais calma e frágil, além de sinistra, lembrando a caminhada dentro de um mundo sombrio, para finalmente falarmos da flor da ingratidão, Ranunculus, uma música sem gritos, melódica, em muitos momentos calma e, às vezes, mais acelerado, mas ainda com apenas vocais limpos.
Mais uma vez essa será uma música muito dissecada. A começar pelo título. A Ranúnculos é um tipo de flor, como dito no começo da meta-análise, que representa charme, mas que uma de suas subespécies também representa a ingratidão. Neste sentido, desenhando o mapa conceitual do álbum, a música fala sobre essa segunda forma. A espécie tem mais de 600 subtipos (ou espécies, eu não entendo bem essa terminologia botânica, desculpa), sendo comum na Ásia Menor, em várias cores e florescendo maioritariamente na primavera. É importante compreender esses detalhes antes de dissecar a letra que encerra o álbum e essa jornada do Herói, mas ainda não a jornada inteira desse mundo terrível que terminará em The World of Mercy.
O clipe inicia com vários monitores mostrando casos trágicos do mundo, a Torre de Babel (uma construção pretensiosa para alcançar Deus, onde todos falavam a mesma língua e se uniam, mas Deus tirou o dom do entendimento e várias línguas se criaram, uma representação das separações e como as pessoas são coagidas a se enfrentarem e viverem sozinhas) e um circo de horrores em tons coloridos, porém escuros, enquanto um Herói — frágil, magricelo e com tubos de oxigênio — começa a cantar, tendo, além desses detalhes, uma referência direta a Ningen wo Kaburu: a marca desenhada no queixo onde antes ele rompeu a pele humana. A música é literalmente depois de todas as tentativas de se transformar em mais um, mas, agora, ele está no seu circo de horrores referenciando o “Ser diferente é ser uma criança deformada?” (Celebrate Empty Howls). O Herói também está totalmente de preto, ou seja, vestindo as roupas de luto citado em Keigaku no Yoku.
A canção que odeio está tocandoNunca havia notado¹Que uma canção inimaginavelmente mata as palavras²Eu percebi isto naquele momentoEm meu coração…
¹: Pode ser lido como “eu não me importo”
²: Pode ser lido como [uma canção mentirosa acaba matando as palavras]”
Neste momento ele está se referindo ambiguamente às músicas, as canções criadas errantes (as mesmas que infectam com sua determinação inútil) que acabam destruindo o significado das palavras, mas também sobre sua vida odiosa que continua matando o significado das coisas. Uma referência a Zetsuenai. Pelo menos, ele percebeu isto em seu coração: a importância de sua música e de sua vida.
Finjo que não notei isso desde o começoQue a razão pela qual vivi reprimido¹Não foi porque eu queria viver confortavelmente¹Primaverando, em transe²
¹: Pode ser lido como [Sempre vivi sozinho e essa não é a melhor forma de viver]
²: Aqui a tradução oficial é “Spring, like a dream”, porém, em japonês, o primeiro termo se encaixa melhor em “primaverando” (pelas explicações abaixo) e depois o termo seria mais “algo que está meio adormecido, meio acordado, em transe; entre o sonho e a realidade”, portanto, preferi a interpretação de em transe.”
Agora ele declara que sempre soube estar vivendo uma vida de repressão — anulando a si mesmo, vivendo pelos outros, se destituindo de personalidade —, mas que não a vivia pensando em viver confortavelmente. Este trecho é difícil de interpretar de uma maneira mais clara. É como se ele estivesse retornando a Aka, quando ele pede que a primavera o deixe ir em frente, mas agora ele sabe que vivenciou uma vida de repressão, anulando a si mesmo, então abre-se duas linhas de interpretação: 1) ele não viveu assim em prol de florescer e 2) ele não viveu assim para viver confortável, mas agora ele está florescendo, em transe. Particularmente prefiro caminhar no segundo trajeto, pois o clipe da música e o contexto da letra mais a frente reflete muito mais um ser em transe prestes a desabrochar e transcender.
Pelo medo de perder alguémAntes que eu me desse contaEstava me enganando com as mesmas mentiras delesEu percebi isto naquele momentoEm meu coração…
Voltando em várias músicas anteriores, o Herói canta que pelo medo de ser deixado como um ser abandonado, ele mesmo se enganou (afinal, para ter felicidade e amor nesse mundo basta enganar a todos, já havia dito em Zetsuenai) com as mesmas mentiras ditas por todos, mas agora ele teve essa epifania, esse insight como se chama na psicologia.
Ranúnculos… Ranúnculos…Neste caminho glamoroso…Ranúnculos… Ranúnculos…
Então o clipe foca na Torre de Babel se escurecendo (a ruptura de todos falarem a mesma língua e então haver a individualização) e o Herói torna-se um ser diferente, em vestimentas brancas e longas. O clima da música fica mais brando e ele chama o nome da flor de ingratidão e charme que ele mesmo se transformou — ele finalmente floresceu e transcendeu. Sua nova imagem agora é mais vivaz, com dentes ferozes, longas lâminas nas mãos (as lâminas de 30cm citadas em Ningen wo Kaburu, fora que a Ranúnculos costuma ter essa medida) e, mais importante, um terceiro olho é aberto em vermelho no centro de sua testa.
Finalmente ele está livre e transcendeu para um ponto onde ele pode ver as verdades. Onde ele se tornou um indivíduo, não mais uma peça da sociedade. Com isso devemos lembrar que a sociedade japonesa não é uma sociedade com padrões de foco individuais como a ocidental, ao contrário, todas as coisas são voltadas ao bem-estar do país. Desta maneira, a Torre de Babel representa a figura de se desmanchar e se tornar um com a sociedade e a escuridão que nela cai junto da transformação do personagem é, literalmente, sua separação desse modelo social.
Finjo que não notei isso desde o começoQue a razão pela qual vivi reprimidoNão foi porque eu queria viver confortavelmente¹Primaverando, em transe
Neste ponto a estrofe muda um pouco seu significado. Quem antes estava dilacerado neste mundo, apenas tendo uma epifania, agora literalmente veste a expressão “primaverando”, pois ele transcendeu e agora vê perfeitamente os erros cometidos e se separa disso — quebrando a repressão de si mesmo. Para em seguida falar com ele mesmo, após ter essa epifania, ele começa a se entender ainda mais, compreendendo-se.
Não é porque você quer guardar rancor, certo?Você vai rir de alguém hoje de novo?Clame que você está vivo!
Essas perguntas são como formas de auto-afirmar que ele não fez isso por mal, ele não está se individualizando para rir dos outros ou por guardar rancor, ele só quer ser capaz de dizer que está vivo. Tudo o que ele quer é se sentir vivo, algo que a sociedade lhe arrancou no passado e, por isso, agora ele se vê como uma flor ingrata que, mesmo sendo condecorado com sucesso, mesmo sendo idolatrado, está insatisfeito e quebrando as amarras do mundo — está florescendo ao terminar a música citando em uma nota alta e longa cantando:
“RANUNCULUS”
Com isso chegamos ao fim do álbum The Insulated World, um álbum conceitual sobre a necessidade de individualização humana. Um álbum que começa agressivo e termina calmo e frágil contando a jornada de alguém cansado desse mundo, procurando explicar todos os problemas dele, até se tornar um Herói que compreende perfeitamente a importância de si, do seu próprio Eu, acima da sociedade: um verdadeiro processo de individualização.
Um álbum sobre quebrar paradigmas e arriscar florescer.
Diria que é uma mensagem bastante complicada de ser digerida, especialmente na realidade japonesa. Como citei antes, o modelo social deles é totalmente voltado ao bem-estar coletivo, o indivíduo não tem o mesmo peso que damos no ocidente — daí vem altos índices de suicídio por reprovação em vestibulares e desemprego, pois eles se sentem inúteis sociais.
O álbum parece o processo de individualização semelhante a como uma psicoterapia de viés psicanalítico busca nas pessoas. Uma jornada onde o Herói começa revoltado, tentando achar mecanismos para sobreviver neste mundo, até que tem a percepção e o momento catártico em Ranunculus, abrindo o terceiro-olho e se libertando da frivolidade do mundo.
Entretanto, é um álbum bastante diferente do habitual da banda. A sintonia dos instrumentos e a velocidade com a qual começa causa bastante estranheza, fazendo o ouvinte precisar de paciência para tragar as músicas — ainda mais com as letras que começam em níveis absurdos de pessimismo e suicidas. Mas, quando entendida como um álbum conceitual e analisando todas as peças como uma grande composição — detalhe que ainda não foi totalmente confirmado, embora no Booklet de TWOM, aparentemente, o Kyo comenta sobre “TIW ter uma única mensagem em todo ele” —, torna-se uma grande obra musical. Talvez não a melhor da banda — pessoalmente, eu ainda acho DSS e Arche dois álbuns muito superiores no quesito musical —, mas uma obra bastante interessante e reflexiva que tem sua jornada terminada em The World of Mercy, pois, como a Psicanálise diria, perceber as nuances necessárias para se individualizar e realmente entrar no processo de individualização são coisas diferentes.
Essa foi uma análise de GOGUN.
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